sexta-feira, 4 de outubro de 2024

O Segredo do Golem e o Poder das Palavras no Judaísmo"

 O Segredo do Golem e o Poder das Palavras no Judaísmo"

Por: Ezrah Ben Or — Moreh Telles

Hoje, vamos explorar um dos temas mais fascinantes da literatura judaica, especialmente no que se refere às obras místicas, como o Sefer Yetzirá — o Livro da Formação.

Você sabe o que é um Golem? Já ouviu falar desse termo? Deixe sua opinião nos comentários!

Filmes como Pinóquio, que narra a história de um boneco de madeira que ganha vida, e Frankenstein, entre outros, foram profundamente influenciados por essa antiga visão do Golem. Provavelmente, você já assistiu a algum desses filmes. Confesso que, como apreciador de cinema, já os vi mais de uma vez!


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Talvez você já tenha escutado a expressão "abra cadabra". O que poucos sabem é que ela tem uma origem judaica, derivada do aramaico "avra ke’dabra". Esta expressão, que significa “eu criarei à medida que falo”, é utilizada em um contexto de poder criativo que se manifesta através das palavras.

Na tradição judaica, existe a ideia de que certas combinações de letras hebraicas possuem poderes criativos. Esses segredos são descritos no Sefer Yetzirá, que é um dos textos mais antigos e importantes do misticismo judaico.

A cultura judaica sugere que um indivíduo particularmente justo — um

tsadiq, possuidor de sabedoria esotérica — poderia criar um ser humano artificial usando apenas material inorgânico, imitando assim o próprio Criador.

Essa compreensão literária tem suas raízes no Talmude e em ideias cabalísticas primitivas. Alguns estudiosos medievais do Sefer Yetzirá interpretaram o texto como uma obra que abarcava tanto implicações teóricas quanto práticas. Por exemplo, o rabino El'azar de Worms (ca. 1165–ca. 1230) escreveu um comentário detalhado sobre as instruções para a criação de um Golem.

Textos cabalísticos de Avraham Abulafia (nascido em 1240, na Espanha) e o Pseudo-Sa'adia (um texto judaico do século XIII, de origem francesa) também atestam o interesse dos místicos judeus medievais nas artes práticas de criação.

A palavra golem não ocorre no texto bíblico. No entanto, encontramos variações que carregam a mesma raiz. No Tanach, o termo golem refere-se a uma substância inacabada ou embrionária. No Salmo 139:16, lemos a expressão "gal'mi", que significa "minha substância ainda informe":

"גָּלְמִ֚י | רָ֘א֚וּ עֵינֶ֗יךָ וְעַל־סִפְרְךָ֘ כֻּלָּ֪ם יִכָּ֫תֵ֥בוּ יָמִ֥ים יֻצָּ֑רוּ וְל֖וֹ (כתיב וְלֹ֖א) אֶחָ֣ד בָּהֶֽם:"

"Galmí ra’ú einêkha vë’al-sifr’kha kulam yikatêvu yamím yutsaru vëlo (k’tiv vëlo) echad bahem"

Numa tradução alternativa, o texto poderia ser lido assim:

"O meu embrião os Teus olhos viram, e no Teu livro todas estas coisas foram escritas; as quais iam sendo dia a dia formadas, quando ainda nenhuma delas existia."

A lenda do Golem se popularizou na Polônia, mas também apareceu em outras regiões, como Alemanha, Hungria e Rússia. A primeira menção conhecida do Golem surgiu no século XVI, em um livro sobre a história de Praga.

O livro afirma que o Golem foi criado pelo rabino Judah Loew ben Betzalel, um importante estudioso talmúdico e cabalista que viveu em Praga no século XVI.

A tradição do Golem entre os judeus europeus ficou ligada à cidade de Praga e à figura do rabino Yehudah Leib ben Betsalel, conhecido como Maharal. Sua atuação na capital da Boêmia coincidiu com os reinados dos imperadores Habsburgos Maximiliano II (1564–1576) e Rudolf II (1576–1612), um período frequentemente chamado de "Era de Ouro dos Judeus Tchecos", quando a política imperial demonstrou uma notável tolerância em relação a judeus e protestantes.

Neste contexto, a vida cultural judaica floresceu, e a população judaica cresceu significativamente. Maharal presidiu uma das grandes academias talmúdicas da Europa, propôs reformas importantes na educação judaica e produziu uma vasta obra literária. Entretanto, não há evidências de que ele tenha se envolvido diretamente com a criação de um Golem, e não se sabe se ele era um ba'al shem — alguém com domínio dos nomes sagrados.

Ainda assim, praticamente todas as referências literárias ao Golem desde o início do século XIX associam sua criação a Maharal e situam o evento na cidade judaica de Praga.

Existe até mesmo um midrash relacionado aos irmãos de Yosef (José). Diz-se que um dos fatores que provocou a ira deles contra ele — culminando em sua venda como escravo — foi o fato de que Yosef teria testemunhado seus irmãos criando um Golem animal e o sacrificando de forma irregular, sem seguir as leis judaicas. Ele teria, então, reportado o ocorrido ao pai, causando todos os transtornos que conhecemos da narrativa de Gênesis.

Se esses eventos realmente aconteceram, não sabemos ao certo. Contudo, sabemos que as palavras têm poder para desencadear grandes acontecimentos, e é por isso que as Escrituras valorizam tanto o poder do discurso.

D'us nos criou com uma estrutura espiritual tão poderosa que, se de fato nos elevarmos espiritualmente, abrindo mão das corrupções humanas, da vaidade, da hipocrisia, da mentira e de todo o pecado que nos cerca, seremos capazes de realizar o inimaginável. Afinal, somos um universo dentro de outro universo, e naqueles que servem a D'us com verdade, habita ninguém menos que o próprio Criador.


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