Isaías 53 e o Mashiach: Uma Tradição Judaica Antiga que Não Pode Ser Ignorada
Por: Ezrah Ben Or — Moreh Telles
Enquanto a visão majoritária no judaísmo rabínico moderno sustenta que Isaías 53 se refere ao povo de Israel como o "servo sofredor", a tradição judaica revela uma interpretação alternativa que não pode ser ignorada: a de que Isaías 53 se refere ao Mashiach (Messias).
Essa visão não é predominante, mas, como o Talmud revela, havia "alguns que diziam" que Isaías 53 se referia ao Messias.
Essa linha de raciocínio nos leva a explorar uma tradição antiga, em quais algumas verdades reconheciam a possibilidade de que o "servo sofredor" fosse, de fato, uma referência messiânica. Embora esta interpretação tenha sido eclipsada ao longo dos séculos, o simples fato de ser mencionado em fontes como o Talmud sugere que não se trata de uma visão estranha ou marginal. Pelo contrário, ela é parte da rica diversidade de pensamento dentro da tradição judaica.
O Texto de Isaías 53 e a Interpretação Messiânica
No hebraico original, Isaías 53 usa palavras que, de fato, apontam para uma figura individual, dano em prol de outros. Uma análise cuidadosa do texto hebraico mostra que o servo é descrito na terceira pessoa do singular , com termos como "ele foi ferido", "ele carregou nossas enfermidades" e "o castigo que nos trouxe a paz estava sobre ele". Esses pronomes sugerem que o texto não está se referindo a uma nação inteira (Israel), mas a uma figura individual que sofre em lugar de muitos.
A expressão "alguns dizem" , como mencionado no Talmud ( Sanhedrin 98b ), abre a porta para essa exegese messiânica. Em várias fontes rabínicas, esta interpretação é mencionada e, em alguns casos, até defendida. Isso significa que, embora não seja uma opinião dominante no judaísmo moderno, há uma tradição que permite a possibilidade de que Isaías 53 se refira ao Messias.
O Talmud e o Mashiach como o Servo Sofredor
No Talmud , especificamente no tratado Sanhedrin 98b , encontramos uma referência interessante sobre o Messias. O texto fala de uma figura chamada o "Leproso da Casa de Rabino" como uma identificação possível do Mashiach. O termo "leproso" aqui é simbólico, indicando que o Messias seria alguém que sofreria intensamente pelos pecados dos outros. O Talmud cita Isaías 53:4 como base para essa interpretação:
"Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores; nós o reputávamos como feridos, afligidos por D'us e oprimido." ( Isaías 53:4 )
Esse trecho no Talmud é significativo porque revela que havia, sim, uma tradição judaica que associava o Mashiach ao servo sofredor de Isaías 53. A expressão "alguns dizem" usada no Talmud nos faz entender que, embora não fosse uma interpretação extremamente aceita, havia aqueles que viam Isaías 53 como uma referência messiânica.
A Tradição Rabínica e as Faces da Torá
Alguns rabinos também observaram que o conceito de um servo sofredor que carrega as iniquidades de outros está presente em várias passagens da Torá e da literatura rabínica . Por exemplo, o sacrifício do bode expiatório no Yom Kippur, descrito em Levítico 16 , é uma prefiguração de uma figura que carrega os pecados da nação, semelhante ao que Isaías 53 descreve.
Fontes Rabínicas que Apoiam a Interpretação Messiânica
Além do Talmud, outros textos rabínicos discutem a possibilidade de Isaías 53 se referir ao Messias:
Midrash Ruth Rabbah 5:6 sugere que o Messias será alguém que suportará sofrimentos por causa dos pecados de Israel, uma ideia semelhante ao que encontramos em Isaías 53.
Zohar (vol. II, 212a) também traz uma descrição do Mashiach como alguém que sofre pelas transgressões de Israel, tomando sobre si o peso dos pecados da nação.
Esses textos indicam que a tradição judaica está longe de ser monolítica em relação à interpretação de Isaías 53. Há uma rica variedade de perspectivas, e entre elas, a visão messiânica tem seu lugar, ainda que minoritária.
A Visão Majoritária e a Importância de Reconhecer Outras Interpretações
Embora a maioria dos rabinos hoje sustente que Isaías 53 se refere a Israel como o “servo sofredor”, essa visão não apaga a tradição alternativa que reconhecia o Mashiach no texto. A própria existência de um debate no Talmud e em outras fontes rabínicas mostra que a questão estava longe de ser resolvida.
Ignorar essa linha de interpretação é negligenciar um aspecto importante da história do pensamento judaico. Como o conceito de shiv'im panim laTorah nos ensina, há múltiplas camadas de significado nos textos sagrados, e todos merecem ser examinados com cuidado.
Conclusão: Uma Tradição que Persiste
Em última análise, a expressão "alguns dizem" no Talmud nos revela que havia uma tradição que via Isaías 53 como uma profecia messiânica. Embora esta interpretação não seja totalmente aceita hoje, sua presença nas fontes judaicas antigas é um lembrete de que o debate sobre Isaías 53 é complexo e multifacetado.
A tradição judaica oferece diversas perspectivas sobre o Mashiach, e pondera a existência dessas variações nosso entendimento. Isaías 53 pode ser lido tanto como uma alegoria do sofrimento de Israel quanto como uma descrição profética do Mashiach. Ignorar qualquer uma dessas possibilidades seria ignorar a riqueza da exegese judaica ao longo dos séculos.
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Eu sou de Yeshua! E por isso digo, que perigo hein? Se nós criticarmos os irmãos judeus sobre não aceitarem Isa 53 sendo que há tanto material judaico que sustenta que sim se trata do Mashiac. Uau. Lembrei do termo "o estudioso leproso que está no portão de Roma", Vilna Gaon que escreveu isso? Muito bom o artigo professor. #eusoudeyeshua
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