O Motzei Shabat e Atos 20:7: A Importância do Shabat na Tradição Judaica
Introdução
Atos 20:7 é frequentemente interpretado como evidência da substituição do Shabat pelo domingo. No entanto, essa leitura pode não considerar a possibilidade de que o texto se refira ao Motzei Shabat.
Neste artigo, exploraremos a importância do Shabat na tradição judaica, suas implicações legais e a interpretação de Atos 20:7 à luz de textos do Talmud e do Mishné Torá.
A Importância do Shabat na Tradição Judaica
O Shabat é um dos mandamentos fundamentais da Torá, celebrado como um dia de descanso e santidade. A importância do Shabat é enfatizada em Êxodo 20:8-11, onde D'us ordena:
"Lembra-te do dia do Shabat, para o santificar."
1.1 Consequências da Transgressão
A Torá estabelece penalidades severas para aqueles que violam o Shabat. Em Números 15:32-36, um homem que foi pego coletando lenha no Shabat foi apedrejado, mostrando a seriedade da observância.
O Talmud também discute as punições para transgressões, reforçando que a violação do Shabat é uma questão de grande gravidade.
1.1.1 Referências do Talmud
No Talmud (Shabat 87a), é afirmado que "quem não observa o Shabat é considerado como se tivesse cometido idolatria." Isso ilustra a importância da observância do Shabat na vida judaica e o potencial de severas consequências para quem o transgride.
Atos 20:7 e a Interpretação do Motzei Shabat
O texto de Atos 20:7 menciona: "E no primeiro dia da semana, ajuntando-se os discípulos para partir o pão..." Embora à primeira vista isso possa indicar um culto dominical, outras interpretações, como a do Motzei Shabat, são plausíveis.
2.1 Contexto da Reunião
O Motzei Shabat é o momento após o Shabat, quando os judeus começam a retomar suas atividades. A prática de partir o pão nesse momento pode ser vista como uma continuação da observância do Shabat, não uma substituição. A tradição judaica enfatiza que os encontros comunitários podem ocorrer nesse período, refletindo a continuidade das práticas religiosas.
2.2 A Linguagem do Texto
A expressão μία τῶν σαββάτων pode ser interpretada como "um dos Shabatot", sugerindo que se refere a um momento ligado ao Shabat, e não necessariamente ao primeiro dia da semana que conhecemos como domingo.
Essa interpretação é apoiada por referências ao uso de expressões semelhantes em contextos judaicos.
2.3 Textos do Mishné Torá
O Mishné Torá, de Maimônides, também reforça a importância do Shabat. No capítulo 29 de Hilchot Shabbat, ele detalha as proibições e as práticas do Shabat, afirmando que qualquer violação é tratada com a máxima seriedade.
Maimônides observa que a observância do Shabat é uma demonstração de fé em D'us e que o transgressor é severamente advertido.
Implicações para a Interpretação Cristã
A ideia de que Paulo aboliu o Shabat em favor do domingo é problemática. Como um fariseu e zeloso da Lei, é incoerente acreditar que Paulo teria desconsiderado as normas judaicas.
A interpretação do Motzei Shabat é mais alinhada com a prática judaica de continuar as tradições, em vez de rompê-las.
3.1 A Oração no Domingo
Se Paulo se reuniu no "primeiro dia da semana", isso não significa que ele considerasse o domingo um dia sagrado. A prática de orar e se reunir em qualquer dia da semana era comum entre os judeus.
O exemplo de Daniel, que orava três vezes ao dia, demonstra que a oração era uma prática central, independentemente do dia.
Conclusão
Atos 20:7 pode ser interpretado à luz do Motzei Shabat, enfatizando a importância do Shabat na tradição judaica e suas consequências legais.
A leitura do texto grego sugere que os primeiros discípulos estavam continuando uma prática judaica de oração e comunhão, não estabelecendo um novo dia de adoração.
Essa perspectiva reafirma a integridade da Torá e a identidade judaica de Paulo, desafiando interpretações que promovem a ideia de ruptura entre o judaísmo e o cristianismo primitivo.
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