terça-feira, 1 de outubro de 2024

Demônios na Perspectiva Judaica: Análise das Categorias e Origem à Luz do Judaísmo Místico e Textos Antigos

 Demônios na Perspectiva Judaica: Análise das Categorias e Origem à Luz do Judaísmo Místico e Textos Antigos

Por: Ezrah Ben Or


Introdução

O conceito de demônios e forças malignas sempre esteve presente nas tradições religiosas e mitológicas de diferentes culturas. 

No judaísmo, essas entidades são entendidas de forma complexa, com suas próprias categorias e funções, refletindo a riqueza de interpretações e desenvolvimentos ao longo dos séculos. 

Para compreender a natureza dos demônios dentro do pensamento judaico, é necessário analisar as fontes primárias que abordam essas forças, como o Talmud, o Sefer Enoque e as obras cabalísticas. Este artigo explora as diferentes categorias de demônios no judaísmo, a visão do Novo Testamento, e como eles se conectam aos mundos inferiores e aos seres de baixa frequência.

1. As Categorias de Demônios no Judaísmo: Uma Abordagem Tradicional e Mística

No pensamento judaico, os demônios (shedim ou mazikim) são geralmente categorizados em três grupos principais:

Shedim: São espíritos que possuem características tanto humanas quanto angelicais. Segundo o Talmud (Tratado Berachot 6a), eles possuem asas como anjos, mas se alimentam e se reproduzem como humanos.

Os shedim habitam lugares desolados e atuam como intermediários entre os mundos espiritual e físico, muitas vezes trazendo confusão e engano aos seres humanos.

Mazikim: Literalmente “causadores de danos”, esses espíritos se deleitam em causar destruição e sofrimento. São frequentemente mencionados no Talmud e em Midrashim como seres que atacam durante a noite e estão associados a doenças e acidentes inexplicáveis. 

Acredita-se que esses demônios surjam de sentimentos humanos como o ódio e o medo, e suas ações refletem a energia negativa que geram.

Lilith e os Lilin: Lilith é uma figura demoníaca feminina que aparece no Midrash e em textos místicos como o Zohar. Ela é vista como a rainha dos demônios e mãe de criaturas chamadas lilin, demônios infantis que aterrorizam mulheres grávidas e crianças recém-nascidas. 

Lilith é frequentemente associada a aspectos de rebeldia e insubmissão, sendo uma personificação das forças do caos e da destruição.

 A Visão dos Demônios no Novo Testamento

No Novo Testamento, especialmente nos Evangelhos, demônios são frequentemente mencionados como espíritos impuros que possuem e afligem seres humanos. 

Yeshua (Jesus) frequentemente exorciza demônios, restaurando a saúde e sanidade de indivíduos. Em algumas passagens, como em Lucas 11:24-26, há uma descrição de demônios vagando por lugares áridos e buscando repouso, mas voltando à pessoa de onde foram expulsos se não encontram abrigo.

Essa visão se conecta de certa forma ao pensamento judaico, onde os demônios são descritos como seres que habitam lugares desertos, mas a abordagem do Novo Testamento enfatiza a autoridade messiânica para controlar e expulsar essas forças.

 O Sefer Enoque e a Origem dos Demônios

O Sefer Enoque, um texto apócrifo judaico, apresenta uma origem distinta para alguns demônios. Ele descreve a rebelião dos Nefilim, filhos de anjos caídos e mulheres humanas. 

Esses seres, ao serem destruídos pelo dilúvio, tornam-se espíritos desencarnados que vagam pela Terra. No Sefer Enoque, esses espíritos são identificados como demônios, que se deleitam em causar angústia aos humanos, incitando-os ao pecado e ao erro.

Além disso, o Sefer Enoque classifica esses demônios em duas categorias principais: os espíritos dos Nefilim e os Egrégoros, que são espíritos de anjos caídos que ensinam artes proibidas e seduzem a humanidade com falsos conhecimentos e práticas idólatras.

 Os Mundos Inferiores e os Seres de Baixa Frequência na Cabalá

Na Cabalá, a existência de demônios e entidades malignas é contextualizada dentro da estrutura dos mundos inferiores (olamot tachtonim). Esses mundos são descritos como camadas de realidade que se distanciam da Luz do En Sof (Infinito Divino). Quanto mais distante da Luz, mais densas e materializadas são as criaturas que habitam esses mundos.

As Forças de Sitra Achra: Na Cabalá, os mundos inferiores são dominados pelo Sitra Achra (“o outro lado”), que representa o domínio das forças opostas à santidade e à pureza. Os demônios e espíritos malignos que residem nesses domínios vibram em frequências baixas, caracterizadas por trevas espirituais e uma ausência quase completa da presença divina.

Klippot: Outro conceito importante é o de klippot, que são “cascas” ou “conchas” espirituais que encobrem a luz interior das almas e das coisas.

 Demônios e seres de baixa frequência habitam as klippot, onde se alimentam das energias espirituais negativas geradas por ações humanas como raiva, inveja e luxúria. Essas cascas são destrutivas, pois se alimentam da energia vital que deveria fluir livremente do Criador para a criação.

 Integração do Conhecimento: Judaísmo Místico e Física Quântica

Dentro do judaísmo místico, existe a noção de que toda matéria e energia vibram em frequências específicas. Os demônios, por estarem distantes da Luz do En Sof, vibram em frequências baixas e densas.

 Esse entendimento encontra um paralelo moderno na física quântica, onde se acredita que diferentes frequências criam diferentes realidades e percepções. Assim, os demônios e seres de baixa frequência habitam realidades que são percebidas como sombrias, distantes da Luz Divina.

Conclusão
A compreensão dos demônios dentro da tradição judaica é vasta e multifacetada, englobando desde seres que causam danos físicos até entidades que representam forças espirituais destrutivas. 

Ao integrar textos como o Talmud, o Sefer Enoque e o pensamento cabalístico, é possível perceber que esses seres não são apenas figuras mitológicas, mas sim representações de realidades espirituais complexas que atuam nos mundos inferiores. 

A análise de demônios no judaísmo não apenas amplia nossa compreensão sobre o mal, mas também revela a profundidade com que o judaísmo aborda a dualidade e o propósito do sofrimento e da tentação no caminho espiritual.

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5 comentários:

  1. Shedim; se alimentam e se reproduzem, como humanos? Então eles são sexualmente ativos entre eles, ou com humanos também?

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  2. Lilith; É essa que alguns falam que foi a primeira mulher criada, e era a mulher de Adão?

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    Respostas
    1. Uma parte da tradição judaica, atribui sua identidade a Havá, mas não é. Mas sim, se trata de um shedin feminino.

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  3. Nefilim, filhos de anjos caídos e mulheres humanas. Esses seres, ao serem destruídos pelo dilúvio. Se eram anjos caídos como poderiam ser destruidos?

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