O Recado de Paulo às Mulheres em 1 Coríntios 14:34-35: Um Chamado ao Requinte e Tziniut
O texto de 1 Coríntios 14:34-35 tem sido objeto de muitos debates e interpretações ao longo dos séculos. Tradicionalmente, é entendido como uma exclusão absoluta às mulheres de falarem nas congregações. No entanto, ao observar o contexto histórico, cultural e linguístico, percebe-se que a advertência de Paulo (Shaul) pode ser mais bem compreendida como um chamado ao equilíbrio emocional e ao recato (tziniut), não como uma censura universal.
O Contexto: A Desordem na Congregação
A carta aos Coríntios foi escrita para corrigir práticas desordenadas nas reuniões das comunidades messiânicas em Corinto. Entre essas correções, Paulo aborda o uso descontrolado dos dons espirituais, as rivalidades internas e, neste caso específico, o comportamento de algumas mulheres que, aparentemente, estavam se exaltando durante os cultos.
O termo "caladas" ( le-shatay'an em aramaico) não precisa ser entendido como silêncio, mas pode ser interpretado como um pedido para cessarem discursos desordenados, exaltados ou inoportunos.
A Questão das Animosidades
A hipótese de que essas mulheres estavam falando de forma exaltada ou irritada é consistente com o contexto da época. Corinto era uma cidade multicultural, marcada por influências gregas e romanas, onde as mulheres participavam frequentemente de discussões públicas em tons acalorados, especialmente em ambientes religiosos ou filosóficos.
Paulo não estava negando às mulheres o direito de participar, mas sim orientando que sua participação fosse realizada com tziniut, ou seja, de forma respeitosa e recatada, conforme o padrão esperado de comportamento nas congregações messiânicas.
Tziniut: O Princípio do Requinte no Discurso
O conceito de tziniut no judaísmo vai além da vestimenta; ele abrange o comportamento geral, incluindo a maneira de falar. Falar com recato significa evitar gritos ou discursos impulsivos que possam gerar desordem, significa evitar uma fala em tom de exaltação. No contexto de Corinto, Paulo parece estar aplicando esse princípio às mulheres que estavam, talvez, transferindo prejuízo pessoal ou social para os cultos.
A frase "perguntem em casa a seus maridos" (1 Coríntios 14:35) não visa diminuir a importância das mulheres, mas incentiva a resolução de dúvidas ou conflitos em um ambiente privado, onde poderiam discutir com calma e profundidade, sem interrupção o fluxo da congregação.
Paulo e o Reconhecimento do Papel das Mulheres
É importante destacar que Paulo participou e incentivou a participação ativa de mulheres no serviço a D'us. Ele menciona Febe como diaconisa (Romanos 16:1) e saúde de várias outras mulheres que trabalharam ao seu lado na divulgação da mensagem. Além disso, em 1 Coríntios 11:5 , ele permite que as mulheres profetizem, desde que o façam com decoro.
Esses exemplos indicam que Paulo não estava defendendo o silêncio das mulheres, mas sim corrigindo um problema específico em Corinto: a necessidade de equilíbrio emocional e respeito mútuo nos cultos públicos.
A Relevância para Hoje
A mensagem de Paulo sobre falar com recato e autocontrole permanece relevante para as congregações modernas. Em tempos de discussão acaloradas e divisões, tanto homens quanto mulheres são chamados a refletir a presença de D'us em suas palavras e comportamentos.
Em vez de ser usado para silenciar vozes femininas, este texto deve ser visto como uma exortação ao equilíbrio e ao respeito no ambiente comunitário, onde cada indivíduo, independentemente do gênero, contribui para a edificação da congregação.
Conclusão
O texto de 1 Coríntios 14:34-35 não deve ser interpretado como uma censura universal às mulheres, mas como uma advertência situacional às mulheres de Corinto que, aparentemente, estavam se exaltando nos cultos. Paulo, com sabedoria, aplica o princípio judaico de tziniut , lembrando que a participação na congregação deve refletir harmonia, ordem e respeito.
Essa interpretação não apenas honra o papel ativo das mulheres no serviço a D'us, mas também ressalta a necessidade de todos cultivarem um espírito de paz e edificação nas congregações messiânicas e em qualquer ambiente de culto.
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