Pulsa Denura: A Maldição Cabalística Proibida? Entenda o Ritual e Suas Polêmicas
O que é Pulsa Denura?
Pulsa Denura (em aramaico: פולסא דנורא), que pode ser traduzido como "Chicote de Fogo" ou "Lash de Fogo", é um suposto ritual cabalístico de maldição, cuja origem está relacionada a trechos do Zôhar e da literatura mística judaica. O termo aparece na literatura aramaica como uma expressão de castigo divino – o que gerou, ao longo dos séculos, um mito em torno de sua aplicação prática por certos grupos místicos.
Qual é a origem do Pulsa Denura?
A expressão Pulsa Denura aparece pela primeira vez no Zôhar, o livro fundamental da Cabala, onde é descrita como uma punição vinda do Alto aplicada por anjos ou forças celestiais. No entanto, o Zôhar não descreve um ritual de maldição feito por humanos com esse nome.
O conceito foi reinterpretado séculos depois, especialmente em círculos de misticismo popular do judaísmo sefardita e oriental, onde se desenvolveu a ideia de um ritual secreto, usado por tsadikim (justos) ou cabalistas como último recurso contra pessoas consideradas perversas ou que atentavam contra o povo judeu.
O Pulsa Denura é um ritual real ou uma lenda?
Não há consenso entre os estudiosos. Muitos rabinos e autoridades haláchicas rejeitam completamente a legitimidade ou validade do Pulsa Denura como prática cabalística legítima. Eles o classificam como:
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Superstição ou sincretismo com práticas mágicas;
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Proibição da Torá, que condena o uso de maldições e feitiçarias (Devarim/Deuteronômio 18:10-12);
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Desvio da mística autêntica, que tem como base o amor, a retificação e a união com D'us (devekut).
Casos famosos e o uso político do Pulsa Denura
Nas últimas décadas, especialmente em Israel, o Pulsa Denura se tornou um termo conhecido por ter sido "supostamente" realizado contra figuras públicas, como:
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Yitzhak Rabin (antes de seu assassinato em 1995);
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Ariel Sharon, por decisões políticas polêmicas;
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Outros líderes que promoveram concessões territoriais ou leis vistas como anti-religiosas.
Esses episódios foram amplamente divulgados pela mídia e geraram debates sobre fanatismo, uso indevido do nome da Cabala e incitação à violência.
O que dizem os cabalistas sérios?
Os cabalistas autênticos, como os mestres do Chabad, Rav Ashlag, Ramchal, entre outros, repudiam completamente qualquer uso da Cabala para ferir o próximo. A verdadeira Kabbalah busca tikun olam (a retificação do mundo), e não destruição.
Rabinos contemporâneos apontam que usar nomes divinos, sefirot ou fórmulas místicas para amaldiçoar pessoas viola os fundamentos da Torá e profana o Nome de D'us.
Existe risco real? O que o judaísmo diz sobre maldições?
O judaísmo acredita que as palavras têm poder (veja Provérbios 18:21: “A morte e a vida estão no poder da língua”), mas também ensina que maldições injustas voltam para quem as profere (Bava Kama 93a). A força de uma maldição depende da pureza e da retidão de quem a emite – e das circunstâncias espirituais envolvidas.
Conclusão: Pulsa Denura – Misticismo ou Manipulação?
O Pulsa Denura é um conceito real presente na literatura mística judaica, mas o que se pratica hoje como “ritual de maldição” está longe do que ensinam os verdadeiros mestres da Cabala. Em muitos casos, ele foi politizado e distorcido, afastando-se da essência da tradição judaica.
O verdadeiro judaísmo místico busca a cura da alma e a elevação da realidade, não a destruição do outro.
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